Considerações 2020

Estes dois últimos meses têm sido fases de grandes mudanças, entre tentativas de lançar sites, publicar poesias, agora, num local em que sinto mais segurança e bem estar.

Este 2020 foi um ano que não irá trazer boas recordações, a pandemia que avassalou o mundo contribuiu para que muito se alterasse na vida das pessoas, um pequeno abanão e agitar da sociedade como conhecemos, um abrir de olhos em determinados descontroles que estávamos a ter. Com isto tudo, um retirar da nossa liberdade, o qual tivemos que procurar novos meios de “distrair” a nossa cabeça. Porque se há coisas que o ser humano é bom, é a encontrar soluções para problemas, todos nós temos essa capacidade, adaptação.

Não justifico estas questões, como algo bom que 2020 trouxe, não. Mas se há algo que nos trouxe a atenção é que realmente somos tão pequenos perante determinadas situações que acontecem e, não importa o estrato social, a cor, “essas” categorizações que muitos estão acostumados a rotular, quando um mal toca, não escolhe a quem. Por isso, é bom que consigamos abrir os olhos a essas questões, ao remar todos juntos na mesma direção conseguimos grandes feitos, lutas das quais deveriam estar continuamente presente na nossa mente e não só em momentos de crise.

O pensar de forma “narcisista” nunca nos levou a lado nenhum ao não ser no nosso próprio umbigo, veja-se o que acontece um pouco por todo o lado no mundo, quando quem só pensa em si, por vezes põe em perigo toda uma nação. Mas não foi este assunto que em trouxe aqui, nem irei aprofundar esta questão.

Contudo, apesar desta grave situação em que vivemos, que nos retira a nossa liberdade, podemos sempre agarrar à nossa mente (imaginação) e criar, o ser humano tem essa capacidade, foi muito do que fiz este ano. Não deixei que as crises de ansiedade e depressão se apoderassem de mim e combati esse estado agarrando-me à parte criativa. E foram muitos os resultados.

Quando à solidão, apesar de não viver sozinha, por vezes o tempo que passamos “a mais” em casa pode acarretar conflitos ou situações de tensão, neste caso é muito bom haver um respeito pelos espaços das pessoas com quem partilhamos a vida, uma boa comunicação e esclarecimento para evitar mal entendidos (não só nesta situação de pandemia). Hoje em dia temos inúmeras formas de nos conectarmos uns com os outros, só isso, já foi uma grande ajuda – ouvir um outro alguém que nos possa dar uma força nestas alturas é algo muito gratificante nesta sociedade sem tempo em que vivemos.

Este ano, que já antes da pandemia, me fez perder ambos os meus avós paternos, pelos quais eu nutria um grande carinho, perdi também um tio e alguns amigos, tive que agarrar à vida e seguir em frente, lutar e manter a esperança. Porque a vida continua a florescer em todo o lado, os seus ciclos não param e cabe-nos a nós fazer parte dela, aproveitar e participar em tudo o que pudemos, seja através da manifestação da nossa dor ou alegria. São estas oscilações que me fazem viver e produzir, relatar, imaginar e viver.

Creio que as poucas recordações que tenho deste ano foram as férias e trabalho que desenvolvi em casa, porque de restante não irão ficar grandes recordações, o dia a dia foi de rotinas e repetição. A comunicação social a trazer sempre as mesmas noticias de desgraças. Este era o ano de 2020, aquele que todos tiveram grande espectativa que seria um ano magnifico.

Inúmeras pessoas ficaram sem seus empregos este ano e em situações muito condicionadas, é nesta fase que temos que olhar um pouco para os lados e tentar ajudar, no máximo que se possa, ajudar a nossa economia, ajudar famílias em necessidades, encontrar soluções sem esperar nada em troca, ajudar pela humanidade e não pelo ganho pessoal. Claro, tudo na medida dos possíveis de cada um.

Será que conseguiremos no futuro ser um pouco mais humanos? Iremos caminhar para laços ou ruturas? Que valores iremos transmitir ás nossas crianças e gerações a vir?

Que lição iremos levar de 2020?

Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

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20 thoughts on “Considerações 2020

  1. Prezada Irina,
    Permita-me comentar a perda da liberdade sobre a qual nos escreveu; pois julgo que a crise de 2020 vingou dos inimigos dela. Infelizmente, desde que Maquiavel se tornou um ícone da filosofia política, precisamos olhar as consequências aparentemente involuntárias das ações políticas como suas reais intenções. Pois os que misturam verdades a falsidades nada fazem sem pretextos beneficentes. São eles os que hoje dividem as nações e acirram os antagonismos que criaram. Para isso, deturpam declarações públicas, afetam grande indignação diante delas, e assim jogam as classes umas contra as outras, naturalmente porque sabem que um reino dividido não pode subsistir. Lamento muito que isso se ache em todo Ocidente, em especial aqui no Brasil. Até leio os portugueses, saudoso da polidez que conservaram, talvez porque não tão afetados pelas divisões que mencionei. Saudações, portanto, e que Portugal resista aos que dividem o mundo.

    1. Henri, fico grata pelo seu comentário, nenhum ponto a discordar. É verdade que vivemos num período em que tudo parece colapsar ao mesmo tempo que tudo é “aceitavel” e “desculpavel” mediante intenções das quais, muitas das vezes não estamos a par.
      Estamos a caminhar a passos largos para situações que eu considero irreversíveis e, nada fazemos ou fazemos o que pudemos mas já com poucos resultados.
      Estamos numa época de falsas informações quando deveríamos estar cada vez mais bem informados, muitas barreiras foram quebradas enquanto outras mais invisíveis vão aparecendo.
      Sim, temos que estar atentos e tentar uma união, porque no final, o caminho será o mesmo para todos. Pena ainda não se ver isso.
      Agradeço imenso seu comentário e muita esperança que melhores dias surjam.
      Um abraço.

  2. Olá Irina. Obrigado por este tão singelo post em que partilhas do teu “eu” com os teus amigos seguidores. Sim, este ano foi – e continua a ser – difícil, mas ajuda tanto saber que não estamos sozinhos nesta jornada. Saber o que os outros estão a passar dá-nos um sentido comunitário através deste mundo virtual que nos une. Abraço, Emanuel

    1. É verdade Emanuel, unidos somos capazes de tanto. Quebramos barreiras visíveis, agora temos que começar a tratar das invisíveis, essas é que são as piores.
      Um abraço e fico agradecida pelo teu comentário.

  3. Falta o que responder… Creio que não devo esperar muito diante do caos dilatada pela pandemia, apesar da crença no amanhã melhor!
    Sobre o todo, imagino que a maldade seja uma tendência próspera. O caminho é mesmo fazer o que estiver nosso ao alcance e abrir os olhos para as desinformações.

    1. Concordo contigo Lara. Quanto mais informados estivermos, melhor percepção temos. Embora esta busca de informação requer um pouco de tempo, porque como estamos hoje, o que parece nunca é.
      Depois somos todos tão diferentes na busca de valores que por vezes nos acabamos por limitar, os mecanismos ligados à tecnologia já nos limitam nesse aspecto através das preferências de visualização.
      Vamos ter esperança em nós e em nós como consciência global.
      Um abraço, fico muito agradecida pelo teu comentário.

  4. Este ano permitiu experiencias únicas a cada um de nós, mas também como comunidade. E, infelizmente, ofereceu muita coisa difícil a muitos.
    Importa sentirmos que apesar das vicissitudes, estamos presentes, atentos, capazes e avançando. Mesmo que pouco e com cansaço. E que sempre mantemos um olhar positivo sobre a vida no geral. Porque se esse olhar desaparece, é difícil. E o que ganhamos com isso. Nada!
    Um abraço Irina e obrigada por partilhar este sentir. E força, muita força para continuar a sua caminhada pessoal neste complexo mundo. Beijinho.

    1. Dulce, agradeço imenso por tudo e por sua companhia nminhanestass oscilações e jornada. A Dulce tem sido incrível.
      Sim, este foi um ano de muita aprendizagem, e temos que retirar as lições importantes. Não baixar os braços e continuar em frente, com tudo, com todos, sempre de cabeça levantada e com muita união. Acho que como sociedade e seres humanos quanto mais partilharmos e ajudarmos melhores nos tornamos. Sempre pensei assim mesmo que às vezes tropece, volta-se a levantar (e ainda se faz uma pose estilosa no chão para fazer de conta que não foi nada 😜).
      Muito obrigada. É um beijinho grande para si e para os seus, que se encontrem bem.

  5. Oh Irina. You sweet, beautiful Angel. I am soooo very sorry for all of the loss You experienced this year. And am so happy for You for all You’ve accomplished during this very strange time. I’m sending You huge hugs and so much Love. ❤️❤️❤️

  6. A foto é bem elucidativa de um ano a querer amarrotar-nos!
    Mas como bem sugere o texto, haveremos de resistir-lhe com determinação e a força renovada da imaginação, da criatividade, da comunicação, da partilha.
    Excelente Natal!
    Abraço.

    1. Sem duvida, será o melhor caminho a seguir. Este ano, trouxe muitas aprendizagens, creio que são nos momentos mais difíceis, que temos que perspetivar e aprender algo com eles e, nunca nos sentir derrotados, sim, ultrapassa-los.
      Um excelente Natal para ti também.

      P.S. – Ia só pedir um favor, não querendo ser intrusiva, se me poderia deixar um nome que pudesse tratar. É um pouco estranho para mim escrever “Um bom Natal Aguarela”, nem que seja só uma letra, soaria um pouco melhor (se preferir anonimato tratarei por Aguarela, se não for inconveniente).

  7. Olá Irina!
    Votos de excelente 2021!
    Depois destes dias de ausência, estou literalmente em fase de pôr a escrita em dia.
    Agradecendo o comentário, tenho todo o gosto em partilhar o meu nome próprio para juntar ao apelido que, compreendo, para uma artista é mais fácil ver projetado na tela!
    Um abraço,
    José

    1. Muito prazer José, sim é um pouco mais fácil.
      As ausências, por vezes, são necessárias. Bom vê-lo de volta. Sigamos por 2021 com toda a força e esperança. Um abraço.

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